Primeiro negro
eleito para presidir o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o ministro Carlos
Alberto Reis de Paula qualifica a sociedade brasileira como "racista e
discriminatória".
Primeiro negro eleito para presidir o Tribunal Superior do Trabalho (TST),
o ministro Carlos Alberto Reis de Paula qualifica a sociedade brasileira como
"racista e discriminatória".
"É racista, discriminatória e usa de discriminação por um motivo
muito simples: uma questão cultural", disse em entrevista ao G1.
Reis de Paula assumirá o comando da Justiça trabalhista no próximo dia 5
de março, em um momento em que, também pela primeira vez, outro negro, Joaquim
Barbosa, chefia a mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, durante entrevista ao G1 em seu
gabinete no TST (Foto: Fabiano Costa / G1)
Aos 68 anos – ele completa 69 anos em 26 de fevereiro –, o magistrado
eleito por unanimidade para a presidência do TST revela que já foi alvo de
racismo ao longo da vida, mas nunca foi discriminado no Judiciário. "Isso
acontece, isso é o Brasil", disse.
O ministro se diz um defensor das políticas de cotas para o ingresso de
negros nas universidades federais. Ele, no entanto, ressalta que é contra a
implantação do sistema para o acesso ao serviço público. "O problema de
cota não pode ser uma esmola. Cota é uma questão de justiça social",
avalia.
Natural de Pedro Leopoldo (MG), município da regi ão metropolitana de
Belo Horizonte, Reis de Paula foi o primeiro negro a ser indicado para um
tribunal superior do país (o TST), em 1998. Mestre e doutor em direito
constitucional pela Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), ele ingressou
na magistratura, em 1979, como juiz do trabalho da 3ª Região (MG).
Casado pela segunda vez, Reis de Paula tem três filhas e cinco netos e é
torcedor fanático do América mineiro. Atualmente, concilia as atribuições no
tribunal trabalhista com o mandato de conselheiro do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ). O ministro, porém, diz que deixará a vaga no CNJ assim que
assumir a presidência do TST.
Leia abaixo os principais trechos da
entrevista.
G1 – Há um simbolismo no fato de um negro assumir pela primeira vez o
comando do Tribunal Superior do Trabalho no mesmo momento em que o Supremo
Tribunal Federal também é presidido por um magistrado negro?
Carlos Alberto Reis de Paula – É uma coincidência da história, mas é lógico
que é um fato simbólico. Só se as pessoas não quiserem ler os fatos. Posso
fazer várias leituras. Primeiro, posso olhar para os negros e dizer: é possível
chegar lá à custa de trabalho individual, muito empenho e dedicação. Sempre que
vou a algum lugar elegante, fico pensando: o negro é exceção. Quantos
empresários negros existem no Brasil? Quantos homens de dinheiro e poder
existem no país?
O fundamental é as pessoas tomarem consciência de que são racistas
porque os fatos mostram isso. Espero que a minha gestão e a do Joaquim
[Barbosa] mostrem que somos iguais aos demais e temos nossos valores."
Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, do TST
G1 – O sr. acredita que os negros estão conseguindo conquistar mais
espaço?
Reis de Paula – O Brasil ainda não teve um presidente da República negro.
Tenho quase certeza de que vão cobrar muito mais do Joaquim [Barbosa,
presidente do Supremo] e de mim do que dos outros. Terão muito menos
benevolência nas críticas conosco. Não me assusto com isso. Vou viver minha
vida com normalidade. Não quero fazer nada de extraordinário. Quero apenas
fazer as coisas ordinárias de forma extraordinária.
G1 – O sr. já foi alvo de racismo?
Reis de Paula – Na minha carreira, não, mas na minha vida, sim. Isso acontece,
isso é o Brasil. Mas aí você ascende ao cargo de ministro e ninguém mais o
discrimina. Mas eu já fui sujeito de racismo.
G1 – Apesar da ascensão de negros a cargos importantes na estrutura da
República, a sociedade brasileira ainda é racista?
Reis de Paula – É racista, discriminatória e usa de discriminação por um
motivo muito simples: uma questão cultural. E o pior é que a sociedade não toma
consciência porque isso está no seu subconsciente. A sociedade é racista. O
fundamental é as pessoas tomarem consciência de que são racistas porque os
fatos mostram isso. Espero que a minha gestão e a do Joaquim [Barbosa] mostrem
que somos iguais aos demais e temos nossos valores.
G1 – Mesmo defensor das cotas raciais para acesso ao ensino superior, o
sr. é contra as cotas para ingresso no serviço público. Por quê?
Reis de Paula – Sustento que devemos habilitar todos, sobretudo os negros,
para que possam entrar na universidade, se qualificar e concorrer em igualdade
com os outros. Mas essa visão não é apenas para negros, e sim para todos os que
são discriminados. Pode ser também para índios e portadores de deficiências
físicas. A partir do momento em que eu busco isso, não preciso mais reservar
cotas. Não posso admitir cota para magistrado, por exemplo. A meu ver, essa é
uma visão simplista. O problema de cota não pode ser uma esmola. Cota é uma
questão de justiça social, é uma forma de reparar, mas não fazendo doações.
Pergunto: 44 horas semanais é uma jornada de trabalho pesada? São
discursos, temas de passeata de rua. Não está nesse ponto a solução das
questões trabalhistas, isso eu lhe garanto categoricamente. Acho razoável a
jornada de 44 horas semanais. Eu, por exemplo, trabalho muito mais do que
isso."
Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, do TST
G1 – Empresários reclamam do suposto excesso de benefícios dos
trabalhadores brasileiros. Segundo eles, esses direitos encarecem a mão de obra
e, consequentemente, os produtos fabricados no país. Na sua avaliação, há
exageros nas leis trabalhistas no Brasil?
Reis de Paula – Há um exagero na leitura dos fatos. Em cima do salário dos
empregados, há várias incidências de tributos postas pelo governo. O empregado
é que sai caro ou o governo é que faz o empregado sair caro? A primeira
pergunta que temos de responder é essa. Um empregado brasileiro não é mais caro
do que um empregado estrangeiro. O estrangeiro custa muito mais caro em poder
de compra. Eu não trabalho com valores nominais. Quero saber é o que ele
[empregado] compra com um salário mínimo de R$ 678. Esse é o raciocínio.
G1 – Durante seu mandato, a presidente Dilma Rousseff implementou
políticas pontuais de desoneração da folha de pagamentos, que beneficiaram
cerca de 40 segmentos da economia. Na sua avaliação, o governo federal deveria
promover uma desoneração mais ampla nos encargos trabalhistas para estimular a
economia?
Reis de Paula – Não sou eu que vou pensar sobre administração
macroeconômica. Todas essas alterações tiveram uma conotação econômica, não foi
trabalhista. Acho que as questões trabalhistas teriam de ser analisadas em
primeiro lugar pelos governos. Essas questões pontuais resolvem conjuntura, não
resolvem estrutura.
G1 – Justiça do Trabalho, Ministério Público e governo federal deveriam
trabalhar articulados para tentar erradicar os trabalhos escravo e infantil?
Reis de Paula – Esse é um dos vexames do país. O índice [de trabalho
escravo e infantil] reduziu por causa da influência da OIT [Organização
Internacional do Trabalho], mas o patamar ainda é alto. Não sou eu quem fala.
Consulte o Ministério do Trabalho. A OIT trabalha com um termo que eu considero
muito digno, que é o de "trabalho decente". Esse termo envolve não só
a segurança no trabalho, mas também o trabalho valorizado, devidamente
remunerado, e em condições dignas e humanas, o que afasta o trabalho escravo e
infantil. Devemos despertar a nossa consciência.
O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, em seu
gabinete no TST
G1 – O sr. é a favor da redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40
horas semanais sem diminuição de salário, bandeira histórica do movimento
sindical?
Reis de Paula – Os sindicatos fazem muito charme com isso [a redução da
jornada de trabalho], mas acho difícil passar no Congresso. Pergunto: 44 horas
semanais é uma jornada de trabalho pesada? São discursos, temas de passeata de
rua. Não está nesse ponto a solução das questões trabalhistas, isso eu lhe
garanto categoricamente. Acho razoável a jornada de 44 horas semanais. Eu, por
exemplo, trabalho muito mais do que isso.
G1 – O sr. pretende tomar alguma medida para acelerar a tramitação dos
processos na Justiça trabalhista?
Reis de Paula – No Poder Judiciário, trabalhamos em cima de leis que não
foram feitas por nós. Não sou legislador, não posso fazer nada contra a lei.
Posso interpretá-la, de forma criativa, mas respeitando-a. Aí você me pergunta:
demora? Demora. E por que demora? Porque a lei permite que demore. Eu sempre
questiono: a quem interessa uma Justiça rápida no Brasil? Aos que não têm voz,
costumo responder.
G1 – O sr. defende a regulamentação do direito de greve no serviço
público?
Reis de Paula – A Constituição é de 5 de outubro de 1988. Ela já tem 24
anos. Direito de greve, para mim, decorre do trabalho. Vira e mexe, dizem:
vamos regulamentar. Mas não passam de mobilizações. A vantagem de um direito
sem regulamentação é que você faz o que quer. O problema é esse. A forma de descumprir
a Constituição é se omitir.
Ministro Reis de Paula será primeiro presidente
negro do TST
Conselheiro negro do CNJ diz que é contra cota
racial para juízes
G1 – Há carreiras públicas que estão extrapolando o direito de greve?
Reis de Paula – Os professores, por exemplo, têm direito de fazer greve,
mas depois têm de compensar as aulas que não foram dadas. Por outro lado, o
servidor público entra em greve e não compensa. Me conte um dia no Brasil que o
Executivo tenha cortado o ponto de algum grevista ou servidor público.
G1 – O senhor vê restrições no meio jurídico aos magistrados da Justiça do
Trabalho?
Reis de Paula – Quando eu estava na Faculdade de Direito da UFMG, dizia-se
que a Justiça do Trabalho era uma justiça menor, de balcão de negócios. A
verdade é que há maus olhares para a Justiça do Trabalho. O problema é que a
Justiça do Trabalho não é conhecida. A sociedade não valoriza o trabalho. Se
valorizasse, a Justiça do Trabalho seria extremamente valorizada no país. É um
problema cultural.
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Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/01/sociedade-brasileira-e-racista-afirma-futuro-presidente-negro-do-tst.html
Um
verdadeiro devoto e filho de Ogum não foge de suas responsabilidades parabéns
Zeca Pagodinho
Um exemplo a ser seguido por
todos que batem no peito e colocam o louvam orí, vamos ajudar os que precisam
de nossa presença.
Zeca
Pagodinho sobre Xerém: "Dá nojo de político, dá nojo desta
gente bandida”.
Cantor correu para o bairro
quando soube da tragédia e ajudou seus vizinhos.
Morador de Xerém, distrito de
Duque de Caxias, na Baixada Fluminense durante 20 anos, o cantor e compositor
Zeca Pagodinho esteve na região afetada na manhã desta quinta-feira (3) para
visitar seu sítio, que fica muito próximo da região do Café Torrado (a mais
afetada de Xerém) e para ajudar amigos de longa data.
Usando um quadriciclo
motorizado, o cantor passou o dia circulando pelas ruas enlameadas e ajudando
seus vizinhos atingidos pelas chuvas. Ao dar entrevistas ás equipes de
televisão, não escondia sua comoção com o que estava acontecendo aos moradores
do distrito. Em certo momento, seu desabafo foi forte:
Tem muita gente pobre, muita
gente sofredora e tem o lixo para infernizar mais ainda a vida
"É muito ruim ver Xerém
assim", disse o sambista em entrevista à TV Bandeirantes. "Tem muita
gente pobre, muita gente sofredora e tem o lixo para infernizar mais ainda a
vida. Eu tenho carro, mas tem gente que não tem. O único caminho que sobrou
(depois dos deslizamentos de terra) é lixo puro. Dá nojo de político, dá nojo
desta gente bandida", disse ele numa clara referência à irregularidade na
coleta de lixo .
Logo após chegar em seu sítio
em Xerém na manhã desta quinta (3) e se deparar com o cenário de destruição,
Pagodinho passou a divulgar na rede social Facebook uma campanha para angariar
donativos.
Dono
de sítio em Xerém, Zeca Pagodinho se comove com drama de moradores e acompanhado
da filha, Zeca Pagodinho percorreu ruas de Xerem para ajudar moradores.
A principal delas, criada por
Clarisse Miranda Gomes, pede que a população doe alimentos não perecíveis,
remédios, roupas, brinquedos e muita água. Um trecho da postagem, no entanto,
chama a atenção dos internautas.
"Não quero entregar no
Corpo de Bombeiros nem no Exército da Salvação, prefiro fazer uma entrega
pessoal!", diz a mensagem.
No final do dia, na sua página
do Facebook ele dava dicas de como ajudar aos vizinhos atingidos:
"O Museu Ciência e Vida
lançou nesta quinta-feira (03/01) uma campanha de donativos para as vítimas da
chuva do município de Duque de Caxias. A forte chuva que atingiu o estado do
Rio de Janeiro entre a noite de ontem e a madrugada desta quinta-feira causou
muitos problemas em diversos bairros de Duque de Caxias. Até o momento,
estima-se que mais de 200 pessoas já se encontram desabrigadas. Pedimos a todos
que possam contribuir com água potável, material de limpeza, higiene pessoal,
primeiros socorros, roupas, alimentos não perecíveis, entre outros. Todo esse
material é necessário e será bem-vindo. Para mais informações: Fale Conosco ou
por telefone: 2671-7797. O museu fica na Rua Aílton da Costa, s/n - Bairro 25
de Agosto - em Duque de Caxias. O horário de funcionamento é: de terça a
sábado, das 9h às 17h e domingo e feriados, das 13h às 17h".
Fonte:
Jornal do Brasil
RETROSPECTIVA 2012
Única Deputada Estadual negra, da cidade de
Nova Iguaçu/R.J, é destaque em revista on line “Passei fome mais sou nascida
para vencer”
Fonte: Revista Raça
Presença
do negro na TV também pode ser preconceito, considera apresentadora
Fonte: Mulher Negra
Atriz
Sheron Menezes fala da importância da Criança Negra ter em quem se espelhar
Glória
Maria diz que sofreu antes de aparecer na TV: 'Tinha medo do racismo'
Fonte: TVg.Globo – 21/11/12
Joyce
Ribeiro âncora do Jornal SBT Brasil: Modelo, esportista, jornalista e mãe
depois dos 30...conta sua experiência com sua filha "recém nascida" Malu!
Fonte; Revista Raça / por
Oswaldo Faustino
O Racismo Explícito durante a Campanha de Barack
Obama!
Fonte:
Direto da Redação - 09/11/12
A atriz
Isabel Filardis fala sobre sua saúde, "Tireoidite de Hashimoto"
O SONHO DO MINISTRO JOAQUIM
BARBOSA
Ramatis
Jacino (professor, mestre e doutorando em História Econômica pela USP e presidente
do INSPIR – Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial)
Sakamoto: Juíza quer censurar este blog por relatar
decisão em caso de libertação de escravos
Fonte: Blog do Sakamoto
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