Resposta a Revista Marie Claire sobre o desfile
da palha de aço do Ronaldo Fraga
E acabo de escrever minha resposta ao texto da Revista
Marie Claire Brasil. Acho que todos que se sentiram ultrajados com o desfile e
com esse texto absurdo deveriam fazer o mesmo.
Lamento muito a postura de Marie Claire ao publicar
esse textohttp://revistamarieclaire.globo.com/Moda/noticia/2013/03/meu-desfil...
totalmente parcial e que no mínimo foi escrito por pessoas desinformadas.
Por exemplo, eu não sei se é do conhecimento das
autoras, mas uma dos insultos racistas mais utilizados contra mulheres
afrodescendentes no Brasil é a comparação de nossos cabelos com palha de aço.
Constantemente, somos ofendidas com os termos "cabelo de bombril",
chegando inclusive a afirmarem que irão colocar fogo no nosso cabelo para que
esse faça "estrelas" como o produto.
Sem generalizações, desconheço uma mulher negra que
não tenha sido ofendida dessa maneira em algum momento de sua vida. Então,
ainda que de maneira não intencional, o estilista cometeu sim um ato de racismo
e mesmo o fato de ele também ser afrodescendente não o exime disso.
Quanto a se contentar com as cotas de 10% e o padrão
branco nas passarelas da Fashion Week, mais uma vez só demonstra a falta de
conhecimento das autoras, pois se não fosse a luta do movimento negro por meio
de entidades como a Educafro e outras, nem esses 10% nós teríamos e a moda
brasileira continuaria tendo uma imagem tipicamente sueca. Então se hoje temos
os parcos 10% de modelos negros nessa passarela, não é por comodismo, mas por
uma luta de anos.
Dizer que quem está protestando não entende de arte ou
de moda é no mínimo subestimar a população negra que protesta contra esse tipo
de racismo velado, pois afinal se vocês pesquisarem um pouco verão que entre as
pessoas que se indignaram com o fato, existem médicos, advogados, artistas,
modelos e até mesmo jornalistas que talvez tenham sentado nos mesmos bancos
escolares que vocês. Então isso não tem a ver com não entender de arte ou moda,
pois podem acreditar que em nenhum lugar do mundo esse tipo de comportamento
seria tolerado.
As autoras demonstram desconhecimento mais uma vez ao
dizer que quem está protestando, não está criticando a eleição do deputado
Marco Feliciano como presidente da Comissão de Direitos Humanos, pois o
movimento negro tem se manifestado publicamente desde o início contra o mandato
desse senhor.
Quanto a dizer que é contra a hipocrisia, lamento mais
uma vez, pois hipocrisia para mim é uma revista que tem mantido um padrão
europeu na maioria de suas publicações querer falar em respeito a diversidade e
negritude.
Fonte: AFROKUT /Daniela Gomes
Ex-prefeito,
Ari Artuzi é condenado por racismo a três anos e multa de R$ 300 mil
A declaração “Nóis temu fazenu
serviço de genti branca; serviço de genti”. feita pelo ex-prefeito Ari Artuzi
durante entrevista de rádio em 2010 "rendeu" a ele condenação de três
anos de prisão em regime fechado e multa de R$ 300 mil. A informação é do
promotor de justiça João Linhares, responsável pela acusação.
A sentença ao ex-prefeito, que
foi cassado na Operação Uragano, em 2010, foi proferida na tarde desta
quinta-feira pelo juiz Rubens Witzel, da 1ª Vara Criminal de Dourados. Ari
Artuzi já recorreu da decisão e vai responder em liberdade, segundo o promotor.
A declaração de Artuzi ocorreu
durante uma entrevista à rádio Grande FM e repercutiu em todo o Estado. O
ex-prefeito disse a frase "serviço de branco" depois de ser
questionado sobre a qualidade dos trabalhos realizados pela prefeitura na
cidade.
De acordo com o promotor João
Linhares, a condenação de Ari Artuzi ocorreu com base no artigo 20, parágrafo
2º da Lei 7.716/89, por utilizar meios de comunicação para praticar racismo.
Ainda segundo o promotor, a
multa de R$ 300 mil será revertida para entidades filantrópicas e caso o
ex-prefeito não pague, o mesmo não conseguirá benefícios de redução de pena.
O Ex-prefeito recorreu da
decisão proferida nesta quinta-feira pelo juiz e vai responder em liberdade.
A sentença segue agora para o
Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ/MS), para análise dos
desembargadores.
Fonte: Dourados Agora
Justiça
julgará vários crimes de racismo cometidos pela Internet
Conexão de provas leva à
reunião de processos sobre crimes de racismo cometidos em comunidade virtual
A Justiça Federal da capital de
São Paulo deverá processar e julgar uma série de crimes de racismo e
discriminação contra negros e judeus cometidos por meio da internet.
Para a Terceira Seção do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), como esses crimes teriam sido cometidos na
mesma comunidade virtual, o que pressupõe o estabelecimento de relação de
confiança entre os envolvidos e propicia troca de informações verdadeiras entre
os usuários desse espaço, inclusive pessoais, há conexão probatória a ponto de
facilitar a identificação da autoria dos eventuais delitos, circunstância que
recomenda a unificação dos processos em trâmite em 14 cidades.
Reunião
de processos
A investigação teve início em
São Paulo. Com a identificação de endereços eletrônicos dos usuários, os
processos foram desmembrados e remetidos para as respectivas cidades. Além do
original, foram conduzidos processos em Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG),
João Pessoa (PB), Goiânia (GO), Maringá (PR), Vitória (ES), Porto Alegre (RS),
Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), São João do Meriti (RJ), Volta Redonda (RJ),
Florianópolis (SC) e Erechim (RS).
Todos esses casos devem agora
voltar a tramitar apenas em São Paulo, exceto se já tiverem recebido sentença.
Para o ministro Sebastião Reis Júnior, embora cada mensagem constitua crime
único, as condutas sob apuração teriam conexão probatória.
Rede
racista
Os investigados participavam de
rede social na qual trocavam mensagens racistas e discriminatórias em
comunidades destinadas a esse fim. Conforme o relator, essa condição implica a
existência de alguma relação de confiança entre os usuários, cuja investigação
poderia facilitar sua identificação.
“Ao ingressar numa comunidade
virtual, o usuário tem a expectativa de que os demais membros compartilhem da
mesma opinião que a sua. Assim, não é incomum que o vínculo estabelecido vá
além da mera discussão e propicie uma autêntica troca de informações, inclusive
pessoais, entre os usuários desse espaço”, explicou o ministro.
“Veja-se que, nesse ponto, a
rede virtual em nada difere da associação de indivíduos que, tendo afinidades
de pensamento e convicções, estabelecem verdadeira relação de cumplicidade,
apta, até mesmo, a superar as barreiras do anonimato”, completou.
Fonte: STJ
Quatro
casos recentes onde o racismo velado se passa
por “mal-entendido”
“Não foi racismo, foi um
mal-entendido”... Esta é a resposta padrão de quem é pego em uma das
incontáveis cenas cotidianas de discriminação.
1 “Cabelos crespos ou rebeldes demais com..
alisamento.. deixarem as crianças mais bonitas”
Em São Paulo, a maternidade
Santa Joana publica em seu site informações aos futuros pais. Em um dos textos,
há dicas para mães que querem alisar os cabelos crespos da filhas: “Muitas
crianças nascem com os cabelos crespos ou rebeldes demais. Com a adesão cada
vez maior às técnicas de alisamento, algumas mães recorrem a essas alternativas
para deixarem as crianças mais bonitas.” Isso, você leu “mais bonitas”. E o que
são cabelos “rebeldes demais”? Com a repercussão da história: Maternidade é
acusada de racismo após texto sobre alisamento. O hospital retirou o post do
ar.
2 “Indivíduos em atitude suspeita, em especial
os de cor parda e negra”
Em Campinas (SP), policiais da
PM que atuam em bairro nobre cumprem a determinação de abordar “indivíduos em
atitude suspeita, em especial os de cor parda e negra”: "Campinas: Após
assalto em bairro luxuoso, PM dá ordem para abordar .... A orientação consta de ordem de serviço
assinada pelo comandante do batalhão, e se tornou pública graças à repórter
Thais Nunes, do “Diário de S.Paulo”. O Comando da PM nega teor racista na
determinação, dizendo que apenas descreve suspeitos de furto na região. Pode
ser, mas a reportagem pediu documento semelhante, em que o alvo das abordagens
fossem suspeitos brancos. Não obteve resposta.
3 “Você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é
lugar para você. Saia da loja. Eles pedem dinheiro e incomodam os clientes”
No Rio de Janeiro, uma família
vai a uma concessionária da BMW em busca de um carro novo. O casal, pais de
cinco filhos, estão acompanhados do caçula, adotivo e negro. Enquanto
conversavam com o gerente de vendas, o garoto se aproxima do pai, quando é
enxotado pelo funcionário da loja. “Eles pedem dinheiro e incomodam os
clientes”, justifica-se, ignorante da situação. Naturalmente, os futuros
compradores deixaram a loja atônitos, e buscam retratação pública.
4
Ator Luis Salém pergunta a um grupo de negros: “Isso aqui é um Quilombo?”
A acusação de racismo
envolvendo o ator Luis Salém - conhecido por seus trabalhos de comédia na TV -,
começou na segunda-feira (10/12/12), quando alguns jovens registraram na 6ª DP,
na Cidade Nova, no Centro do Rio de Janeiro, uma queixa contra ele por injúria
racial. De acordo com o boletim de
ocorrência, o grupo procurou a delegacia e afirmou que Salém teria passado
pelos rapazes negros, nas proximidades do Sambódromo, durante o ensaio técnico
das escolas de samba, no domingo (9), e usado frases de tons racistas. Salém
usou sua página pessoal no Facebook, para se manifestar sobre o caso. Em suas
palavras, tudo não passou de um mal-entendido: "Infelizmente, ao me aproximar do grupo,
fui mal interpretado. A expressão
quilombo, que considero amistosa e foi por mim utilizada com o fim de aproximação,
foi mal compreendida", explica o ator. Ele também deixa claro que tem
muita admiração pelos negros. "Quem me conhece sabe que sou encantado com
a cultura, postura e beleza da raça".
“Mal-entendido”
Nos três casos tudo não se
passou de “mal-entendido”, como explica representante da concessionária em
e-mail enviado aos pais. Ora, a maternidade também diz que “não foi sua
intenção ofender qualquer pessoa", e o comando da PM paulista reconhece um
"deslize de comunicação" (deixaram escapar o que, aliás, já se sabe).
O termo “mal-entendido”
provocou especial indignação em Priscilla e Ronald (os pais do menino expulso
da concessionária da BMW), que criaram, no último domingo (20), a página no
Facebook “Preconceito racial não é mal-entendido”. A intenção, segundo eles, é
reunir histórias de preconceito e alertar as pessoas para que não aceitem
desculpas e explicações descabidas. A página já tem quase 100 mil fãs.
“Compartilhamos a página só com
amigos. Agora já tem um monte de gente contando histórias muito parecidas com a
nossa. Preconceito racial é crime. As pessoas têm que tomar conhecimento disso
e não se calarem”, concluiu Priscilla.
Fonte: yahoo, G1 e Afrokut
A Maior indenização por racismo da História do Brasil "sofrerá reajustes"
Sony terá de refazer a conta do depósito da "maior indenização por racismo da História do Brasil".
No julgamento de hoje, por relatoria do Desembargador Desembargador MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO, a 16a. Camara Cível, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decidiu que a conta que já tem depositada R$ 1.580.000,00 seja refeita e que deve alcançar R$ 2.000.000,00.
O assunto já foi objeto de reportagem do Huffington Post em 01.2012 ( ver aqui) , quando a mesma 16a. Câmara Cível determinou a correta atualização monetária de reparação de dano, com efetividade muito maior que a mera repressão penal defendida por alguns no Brasil, inclusive por órgão da igualdade racial federal.
Parabéns às entidades de mulheres negras!
Adelaide está na fila!
Fonte: Blog do Humberto Adami
As informações aqui contidas não produzem efeitos legais Somente a publicação no DJERJ oficializa despachos e decisões e estabelece prazos. | |
PROCESSO NO: 0040402-07.2012.8.19.0000 | |
TJ/RJ - 22/1/2013 17:34 - Segunda Instância - Autuado em 24/7/2012 |
Classe: | AGRAVO DE INSTRUMENTO - CÍVEL | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Assunto: |
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Órgão Julgador: | DÉCIMA SEXTA CAMARA CIVEL | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Relator: | DES. MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
AGTE: | CRIOLA e outros | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
AGDO: | SONY MUSIC ENTERTAINMENT BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Listar todos os personagens | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Processo originário: 0032791-25.1997.8.19.0001(1997.001.031079-1) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Rio de Janeiro CAPITAL 33 VARA CIVEL | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
FASE ATUAL: | Conclusão ao Relator para Lavratura de Acórdão | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Data do Movimento: | 22/01/2013 13:02 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Magistrado: | Relator | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Motivo: | Lavratura de Acórdão | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Magistrado: | DES. MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Órgão Processante: | DGJUR - SECRETARIA DA 16 CAMARA CIVEL | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Destino: | GAB. DES MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
SESSAO DE JULGAMENTO | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Data do Movimento: | 22/01/2013 13:00 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Resultado: | Com Resolução do Mérito | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Motivo: | Provimento | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
COMPL.3: | Conhecido o Recurso e Provido - Unanimidade | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Data da Sessão: | 22/01/2013 13:00 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Antecipação de Tutela: | Não | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Liminar: | Não | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Presidente: | DES. LINDOLPHO MORAIS MARINHO | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Relator: | DES. MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Designado p/ Acórdão: | DES. MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Decisão: | Conhecido o Recurso e Provido - Unanimidade | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Texto: | Por unanimidade de votos, reformou-se a sentença / decisão. |
RETROSPECTIVA 2012
O
Ator Luis Salém se defende de acusação de racismo: ‘Infelizmente fui mal
interpretado’
Fonte purepeople
Mulheres
negras em cargos de liderança sofrem mais críticas
O mendigo branco de “Olhos Azuis” expõe o valor desigual da moeda do racismo para negros e brancos.
Fonte: Pragmatismo Político – 05/12/12
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