Relatório
mapeia graves violações à liberdade de expressão dos jornalistas e defensores
de Direitos Humanos
Brasil e México
Relatório inédito, divulgado
mundialmente pela ONG internacional ARTICLE 19, revela que 52 jornalistas e
defensores de Direitos Humanos sofreram graves violações à liberdade de
expressão no ano de 2012 no Brasil, e 207, no México. O lançamento do documento
será realizado simultaneamente no Brasil e no México no dia 14 de março de
2013. A íntegra do relatório no Brasil estará disponível amanhã no site
nacional www.artigo19.org e no site internacional www.article19.org
No Brasil, o levantamento
identificou casos de homicídio (30%); tentativas de homicídio (15%); ameaças de
morte (51%); e sequestros ou desaparecimento (4%). As vítimas sofreram
retaliações por denunciarem publicamente atos de violência praticada por
policiais; conflitos agrários; crimes ambientais ou práticas de corrupção.
O relatório também apresenta um
panorama comparativo das violações à liberdade de expressão no mundo. No
Brasil, as regiões Centro-Oeste e Sudeste foram as que apresentaram o maior
número de ocorrências.
“Embora não haja uma intenção
da institucionalização da censura no Brasil, em boa parte dos casos, percebemos
que os processos de intimidação e violência ocorrem por meio da atuação de
representantes do Estado, seja através da polícia, de políticos ou agentes
públicos”, afirma Paula Martins, diretora da ARTICLE 19 na América do Sul. “São
ações não coordenadas e difusas, especialmente nos municípios. O Estado não
apenas tem se omitido como acaba sendo protagonista de certas ações”,
acrescenta.
O relatório “Graves violações à
liberdade de expressão de jornalistas e defensores de Direitos Humanos” relata
os casos acompanhados pela equipe da ARTICLE 19 e as medidas adotadas pelo
Poder Público.
De forma complementar, o
documento também apresenta outros tipos de intimidação, como agressões físicas;
prisões; detenções arbitrárias; sanções civis desproporcionais e processos
civis e criminais, sob a alegação de calúnia, injúria ou difamação.
Após o lançamento oficial, a
ARTICLE 19 encaminhará o documento às autoridades nacionais, ONGs e veículos de
imprensa no Brasil e no mundo; além dos órgãos de Direitos Humanos da ONU, OEA
e União Europeia.
No Brasil, a ARTIGO 19 realiza
atividades na área de acesso à informação desde 2005 e, desde fevereiro de
2007, mantém um escritório na cidade de São Paulo. Atualmente as atividades da
ARTICLE 19 no Brasil dividem-se em um programa jurídico e nos programas de
acesso à informação e de liberdade de expressão.
BRASIL
EM NÚMEROS:
Um jornalista ou defensor de
direitos humanos é assassinado a cada quatro semanas no Brasil por algo que
tenha afirmado ou publicado. Para cada assassinato, há mais de 3 situações em
que o jornalista ou defensor de direitos humanos já havia sofrido um sério
atentado contra sua vida.
16 jornalistas e defensores de
direitos humanos foram assassinados por se manifestarem no ano de 2012.
7 destes eram jornalistas e 9,
defensores de direitos humanos.
Nós investigamos 82 casos em
que profissionais da mídia ou defensores de direitos humanos foram vítimas de
violência. Em praticamente 2/3 dos casos (52 casos ou 64%), as vítimas sofreram
algum tipo de ataque por terem feito alguma denúncia, oral ou escrita.
Tipo de violência
|
Número de casos
|
Porcentagem
|
Homicídio
|
16
|
30
|
Tentativa de homicídio
|
7
|
15
|
Sequestro
|
2
|
4
|
Ameaça de morte
|
27
|
51
|
Total
|
52
|
100
|
84% de todas as ameaças de
morte (27 casos) estão relacionadas a algo que a vítima tenha feito ou dito.
81% destas ameaças ocorreram
contra pessoas do sexo masculino.
19% é o percentual de mulheres
vítimas de ameaças (menos de 1/5)
21 ameaças de morte foram feitas
contra jornalistas e 6, contra defensores de direitos humanos
Quem
sofreu a violência?
O dobro de jornalistas (30,
comparado com 17 defensores de direitos humanos) foram vítimas da maioria dos
sérios ataques à liberdade de expressão (classificados como homicídios ou
tentativa de homicídio).
A maioria das vítimas dos casos
mais sérios de violência contra jornalistas são contra aqueles que escrevem em
blogs populares (44%).
Vítima
|
Porcentagem
|
Jornalistas do impresso
|
25
|
Jornalistas de radiodifusão (Rádio e TV)
|
31
|
Jornalistas de internet
|
44
|
Os jornalistas de rádio difusão
foram o alvo de 31% dos casos mais sérios de violência. Os que trabalham em TV
(14%) estão um pouco menos vulneráveis a se tornarem vítima de violência do que
aqueles que trabalham no rádio (17%).
Geografia
da violência:
Houve mais violência contra a
liberdade de expressão nas zonais rurais do que nas grandes cidades.
§ Quase 50% dos casos de violência ocorreram em
cidades com população menor do que 100 mil habitantes
§ Incluindo as cidades com população em cerca
de 500 mil pessoas, essa taxa sobe para 68%.
§ Menos de 1/3 dos crimes contra a liberdade de
expressão ocorreram nas grandes cidades (32%).
São Paulo, Mato Grosso do Sul e
Maranhão são os estados mais violentos.
Motivação
para a violência:
Em praticamente ¾ dos casos
(74%), a violência foi motivada por alguma declaração específica feita contra
um agente público, funcionário público ou empresa privada.
Outros fatores de motivação
incluem a manifestação de uma opinião crítica (17%), o compartilhamento de uma
informação (4%) e a participação em passeatas (2%).
Pelo menos um agente do Estado
está envolvido em cerca de 1/5 dos casos de violência contra a liberdade de
expressão (18%).
MÉXICO
EM NÚMEROS:
A violência contra jornalistas ou
profissionais da mídia – relacionada a algo que disseram – cresceu 20% em 2012,
em comparação com 2011.
7 jornalistas foram mortos por
se expressarem.
2 jornalistas foram
sequestrados e ainda estão desaparecidos em razão de seu trabalho.
Ocorreram 8 ataques às sedes de
empresas de mídia com uso de armas de fogo e explosivos em razão de algo que as
mesmas publicaram ou transmitiram.
207 casos de violência contra
jornalistas foram registrados em 25 dos 32 estados da federação.
Tipo de violência
|
Número de casos
|
Porcentagem
|
Homicídio
|
7
|
3.38
|
Desaparecimento
|
2
|
0.96
|
Sequestro
|
11
|
5.31
|
Ataques Físicos
|
98
|
47.34
|
Prisões ilegais
|
9
|
4.35
|
Deslocamento forçado
|
14
|
6.76
|
Ameaças diretas
|
28
|
13.53
|
Intimidações e ameaças indiretas
|
31
|
14.97
|
Outros
|
7
|
3.38
|
Total
|
207
|
100
|
Quem
sofreu a violência?
Repórteres e cinegrafistas são
os mais vulneráveis aos ataques.
No País, 7 dos 10 ataques foram
diretamente contra estes dois grupos de profissionais.
Vítimas
|
Porcentagem
|
Jornalistas da mídia impressa
|
44
|
Jornalistas de radio difusão
|
28
|
Proprietários de veículos de mídia
|
7.2
|
Editores
|
1.4
|
Apresentadores de Rádio e TV
|
1.9
|
Colunistas
|
3.3
|
Organizações
|
13
|
Quem
são os responsáveis?
Praticamente metade dos ataques (44%)
envolveram agentes do Estado, sendo a polícia municipal responsável por 45%;
policial estadual, 42%; e polícia federal, 12%.
O Estado Mexicano afirma que
organizações criminosas são a única grande ameaça à segurança dos jornalistas e
ressaltam que o tráfico de drogas é o ponto chave para a prática destes crimes.
No entanto, a nossa pesquisa
mostra que os oficiais estaduais estavam implicados três vezes mais do que o
crime organizado, que respondem por 14% casos de violência contra jornalistas.
Agressor
|
Porcentagem
|
Agentes do Estado
|
46
|
Crime organizado
|
14
|
Indivíduos comuns
|
14
|
Grupos políticos
|
5
|
Grupos sociais
|
6
|
Desconhecidos
|
15
|
Leia o relatório na íntegra.
Fonte: Article 19
O
racismo no Brasil pelo olhar de quem veio de fora
“Open Arms, Closed Doors” é um filme sobre um
imigrante angolano que vive na favela da Maré, no Rio de Janeiro, e compõe rap
para combater o preconceito sofrido diariamente. Pedi para as diretoras, as
brasileiras Fernanda Polacow e Juliana Borges, um texto sobre a experiência de
produzir o documentário.
Vale a pena assistir e
compartilhá-lo nas redes sociais. O resultado acaba funcionando como um espelho
do que somos, mostrando que, não raro, agimos com o mesmo preconceito utilizado
contra nós por alguns cidadãos e governos do centro do mundo.
O racismo no Brasil pelo olhar
de quem veio de fora, por Fernanda Polacow e Juliana Borges*
Discutir o racismo na sociedade
brasileira sempre é um assunto controverso. Para início de conversa, uma
parcela significativa da nossa população insiste em dizer que este é um
problema que não enfrentamos. Somos miscigenados, multirraciais, coloridos.
Como um país assim pode ser racista?
Foi essa a pergunta que o
angolano Badharó, protagonista do documentário “Open Arms, Closed Doors”
(Braços Abertos, Portas Fechadas), que dirigimos para a rede de TV Al Jazeera e
que será veiculado a partir de hoje em 130 países, se fez quando chegou ao
Brasil em 1997 esperando encontrar o Rio de Janeiro que ele via nas novelas.
Badharó é um dos milhares de
angolanos que vieram viver no Brasil. Depois de fugir da guerra civil no seu
país de origem, escolheu aqui como novo lar – um país sem conflitos, alegre,
aberto aos imigrantes e cuja barreira da língua já estava ultrapassada à
partida. Foi parar no Complexo da Maré, onde está localizada a maior
concentração de angolanos do Rio de Janeiro.
Para quem defende que o Brasil
não é um país racista, vale ouvir o que ele, um imigrante negro, tem a dizer
sobre a nossa sociedade. Badharó não nasceu aqui, não carrega nossos estigmas,
não foi acostumado a viver num lugar em que muitos brancos escondem a bolsa na
rua quando passam ao lado de um negro. Depois de 15 anos vivendo numa
comunidade carioca, ele tem conhecimento de causa suficiente para afirmar: “O
Brasil é um dos países mais racistas do mundo, mas o racismo é velado”. O
documentário segue a rotina deste rapper de 35 anos e mostra o dia a dia de
quem sofre na pele uma cascata de preconceitos, por ser pobre, negro e
imigrante.
Além de levantar o tema do
nosso racismo disfarçado, o documentário propõe, também, uma outra discussão:
agora que estamos nos tornando um país alvo de imigrantes, será que estamos
recebendo bem esses novos moradores?
Com a ascensão do Brasil como
potência econômica e o declínio da Europa, principal destino de imigração dos
africanos, nos tornamos um foco para quem não apenas procura uma situação
melhor de vida, mas para quem procura uma melhor educação ou mesmo um bom posto
de trabalho. São muitos os estudantes africanos de língua portuguesa que
desembarcam no Brasil. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, Angola foi
o quarto país do mundo que mais solicitou visto de estudantes no Brasil em
2012. Com esta nova safra de imigrantes, basta saber como vamos nos comportar.
Europeus e norte-americanos
encontram nossas portas escancaradas e nossos melhores sorrisos quando aportam
por aqui, mesmo que estejam vindo de países falidos e em situação irregular. No
entanto, um estudante angolano com visto e com dinheiro no bolso, continua
sofrendo preconceito. Foi este o caso da estudante Zulmira Cardoso, baleada e
morta no Bairro do Brás, em São Paulo, no ano passado. Vítima de um ato
racista, a estudante virou o mote de uma musica que Badharó compôs para que o
crime não fique impune. Isto porque tanto as autoridades brasileiras quanto as
angolanas não deram sequência nas apurações e o crime segue impune.
A tentativa de abafar qualquer
problema de relacionamento entre as duas nações pode afetar as interessantes
parceiras comercias que existem entre os dois governos. Para todos os efeitos,
continuamos sendo ótimos anfitriões e estamos de braços abertos para quem quer
aqui entrar.
Fonte: Leonardo Sakamoto
Limpeza
Étnica em Israel
O reconhecimento, por parte das
autoridades israelenses, da esterilização das mulheres etíopes que professam a
religião judaica – e que migram para Israel usando a “lei do retorno” (allyah),
segundo a qual todo judeu do mundo pode “voltar” a Israel, mesmo que jamais
tenha posto os pés lá – foi manchete em quase toda a mídia internacional,
corporativa e independente. A questão levantou debates intensos em círculos
feministas, de direitos humanos, dos direitos da população negra e na sociedade
israelense. Uma leitura atenta das cartas dos leitores publicadas na mídia de Israel
mostra uma maioria perplexa e crítica, mas houve também quem defendesse a
esterilização, e não foram poucos – espelho de uma sociedade política,
econômica, social, religiosa e culturalmente bastante diversificada. E
dividida.
Mas com um novo Parlamento
tomando posse e discussões em torno do futuro primeiro-ministro – Benjamin
Netanyhau deve ser eleito para seu segundo mandato consecutivo, e o terceiro
não consecutivo –, além do tema recorrente da “ameaça” representada pelo Irã
atômico e da “necessidade” de impedir que os iranianos fabriquem bombas
nucleares, acabaram pondo um ponto final no debate sobre a esterilização. Mas
isso não significa esquecê-lo. O fato levantou questões importantes sobre o
tratamento dispensado a imigrantes pobres e negros – e em particular às
mulheres desse grupo. O debate precisa ser retomado pelas sociedades israelense
e internacional para evitar que práticas assim, que violam direitos humanos
básicos, voltem a ocorrer.
Primeiro
alerta
Na última década, a taxa de natalidade entre
as mulheres etíopes de Israel teve uma queda de 50%. Há mais de cinco anos a
hipótese da esterilização veio à tona, em consequência dos relatos das etíopes.
Pequena parte da mídia israelense noticiou o fato, mas as autoridades de Israel
sempre o negaram. Foi o trabalho da pesquisadora Sabba Reuven, levado ao ar
pela jornalista Gal Gabay no programa Vacuum, da TV Educativa de Israel, que
escancarou o fato, no início de dezembro de 2012.
As entrevistadas foram claras:
são obrigadas a tomar, a cada três meses, as injeções de Depo-Provera,
anticoncepcional cujo efeito é de longo prazo. Vacuum chegou a acompanhar uma
delas ao posto de saúde – a filmagem, feita sem o conhecimento dos
funcionários, tem baixa qualidade e está nublada para evitar o reconhecimento
das pessoas envolvidas, mas ainda assim registra a prática.
O problema maior é que a
verdade jamais foi dita a essas mulheres. A esterilização, segundo os relatos
delas, começa na Etiópia, nos “campos de trânsito”, nome dos locais para onde
são levados os judeus africanos que querem emigrar para Israel. “Entre 1980 e
1990 milhares de judeus etíopes passaram meses nesses campos, na Etiópia e no
Sudão”, escreveu Efrat Yardai, porta-voz da Associação Israelense de Judeus
Etíopes, em artigo para o jornal Haaretz. “Centenas morreram apenas porque o
país que supostamente devia ser um refúgio seguro para os judeus decidiu que
ainda não era a hora certa, ou que eles não poderiam ser absorvidos ao mesmo
tempo, ou que não eram judeus o bastante… Quem já tinha ouvido falar de judeus
negros?”, ela provoca.
Vida
controlada
Para Efrat, as injeções de
Depo-Provera são parte da atitude do governo israelense em relação aos
imigrantes africanos. Hoje em dia, nos campos de trânsito, os futuros
imigrantes são obrigados a enfrentar “uma desorganização burocrática terrível,
uma carga que lhes é imposta para que provem que estão aptos a viver em
Israel”. Ao chegar ao novo país, de acordo com Efrat, eles passam a receber
“tratamento” em centros de assimilação. As crianças são enviadas a escolas
religiosas e incluídas num programa de educação “especial”, enquanto os pais
“permanecem em guetos e as mulheres continuam a receber as injeções. [As
autoridades] dizem que não temos escolha. As políticas repressivas, racistas e
paternalistas prosseguem – políticas que supostamente seriam no melhor
interesse dos imigrantes, que não sabem o que é melhor para eles”, ironiza ela.
Efrat vai além, afirmando que
esse controle completo sobre a vida dos imigrantes é feito apenas em relação aos
etíopes e impede que eles se adaptem a Israel. “A desculpa de que eles precisam
estar preparados para viver num país moderno levam-nos a um processo de lavagem
cerebral que os torna dependentes das instituições estatais de assimilação”,
denuncia a porta-voz.
As entrevistadas de Gal Gabay
sustentam as denúncias de Efrat Yardai. “Em Adis Abeba [Etiópia] eles marcaram
uma reunião conosco (…) Disseram que, se continuássemos tendo muitos filhos,
não conseguiríamos emprego em Israel. (…) Disseram que as injeções seriam dadas
para evitar esse sofrimento, e que a cada três meses tínhamos de tomá-las”,
contou uma imigrante. “E vocês aceitaram tomá-las?”, perguntou a jornalista.
“Não. Nós não queríamos tomar. Recusamos. Mas eles disseram que não tínhamos
escolha.”
Contracepção
forçada
Nenhuma das etíopes sabia qual
era a substância injetada em seus corpos. Ninguém as avisou de que o
Depo-Provera é um anticoncepcional aplicado apenas em último caso, como na
esterilização de mulheres aprisionadas ou que não têm controle sobre as
próprias ações. Tampouco lhes contaram que o Depo-Provera tem um histórico nada
recomendável. Entre 1967 e 1978 a substância foi injetada em 13 mil mulheres
(metade negras) da Geórgia, Estados Unidos, que também não sabiam que eram
cobaias. Muitas adoeceram e algumas acabaram morrendo durante o experimento, de
acordo com uma pesquisa realizada em 2009 pela Isha L’Isha, organização
feminista sediada em Haifa, Israel. A mesma pesquisa apontou que 60% das
injeções de Depo-Provera, em Israel, são destinadas às etíopes. O segundo grupo
mais visado é o de mulheres sob várias formas de custódia. Os efeitos
colaterais variam, mas o mais comum é a osteoporose, que fragiliza os ossos e
expõe as mulheres ao risco de quebrá-los com frequência.
Coordenadora do projeto
Mulheres e Tecnologias Médicas da Isha, Hedva Eyal afirmou que o documento foi
encarado com desinteresse pelas autoridades do país e que muitos “batiam a
porta na cara” das integrantes da organização. “É estarrecedor constatar como
os testemunhos das mulheres são rejeitados, em especial os das mulheres pobres
e negras”, desabafa Hedva. As autoridades não levam em contam que “as decisões
sobre a saúde e a fertilidade das mulheres podem e devem ser tomadas apenas por
elas”, que para isso precisam ter acesso pleno a todas as informações
importantes sobre o assunto. “Mas não foi esse o caso, ao que parece”, afirma
ela.
Enviada por Isabela Pacola para
Combate ao Racismo Ambiental.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/12072
Investigação descobre fraude da blogueira cubana
Yoani Sánchez
Velha
opositora do governo cubano, a blogueira Yoani Sánchez teve um dos seus truques
revelados pelo jornalista francês Salim Lamrani. De acordo com uma investigação
conduzida por ele, o perfil de Yoani Sánchez no Twitter é artificialmente
"bombado" por milhares de perfis falsos.
Generación Y
Sob o nome de Generación Y, o mesmo do blog que a deixou famosa,
o perfil de Yoani no microblog tem 214 mil seguidores. Considerada pela mídia
estrangeira como "influente", ela é seguida por apenas 32 cubanos.
Mas as estranhezas não param por aí.
Super-seguidora
Yoani segue 80 mil pessoas no Twitter, um número completamente
descabido. Conforme Salim Lamrani apurou, a blogueira cubana usa sites de troca
de seguidores para aumentá-los e parecer mais popular na internet. Em troca de
receber novos usuários, ela precisa segui-los. Daí a razão para seguir 80 mil
perfis no Twitter.
Super-seguidora II
A fraude da cubana não para por aí. Do total, cerca de 47 mil
seguidores do Yoani são falsos. São usuários que não são seguidos por ninguém,
não seguem ninguém mais exceto a própria blogueira e sequer têm fotos de
perfil.
O medo chama
Vazamentos recentes do Wikileaks indicam que o sucesso de Yoani
na internet também tem o dedo do governo norte-americano. Nas correspondências,
funcionários do governo americano mostram preocupação com as mensagens pessoais
da blogueiras, que poderiam comprometê-la internacionalmente.
Escândalo abafado
A cubana, aliás, protagonizou um dos momentos mais pitorescos da
imprensa internacional nos últimos anos. Ela convocou vários jornalistas para
uma coletiva de imprensa na qual explicaria um suposto sequestro seguido de
espancamento em público. Os agressores seriam integrantes do governo de Fidel
Castro.
Só que Yoani apareceu na
coletiva sem qualquer traço de agressão no corpo, não soube explicar como as
manchas sumiram num intervalo de 24 horas e não apresentou qualquer
testemunha.
Fonte: JB
Carnavais
latino-americanos mesclam tradições indígenas e africanas
Os carnavais latino-americanos
mesclam as tradições indígenas das civilizações pré-hispânicas com os costumes
da população afrodescendente dos países da região. Alguns recebem até
influência do carnaval brasileiro, considerado o maior do mundo. De um modo
geral, os carnavais latino-americanos foram trazidos pelos colonizadores – na
América Hispânica – pela Coroa espanhola, assim como o brasileiro chegou com os
portugueses.
Nas colônias, as festas foram
assimilando elementos das culturas locais, das civilizações pré-hispânicas e de
comunidades que vieram depois, como os afrodescendentes. Para analistas ouvidos
pela Agência Brasil, apesar das diferentes influências regionais, o carnaval na
América Latina carrega uma mensagem “homogênea”.
“O carnaval é um evento que se
realiza no tempo e no espaço. Independentemente das mudanças regionais, nas
festas, há uma relação distinta entre as pessoas, que implica em aproximação e
mudança na comunicação interpessoal”, define o professor Jorge Enrique Londoño,
diretor do Instituto de Comunicação e Cultura da Universidade Nacional da
Colômbia.
Londoño lembra que essas são
características universais. Mesmo com as diferenças culturais, o resultado será
o mesmo. “O carnaval é a celebração do riso e da quebra de valores em qualquer
lugar em que se vá”, defende.
E os costumes variam bastante
na América Latina. No Equador, um dos principais carnavais é o da cidade de
Guaranda, capital da província de Bolívar, a quatro horas da capital, Quito. Na
festa, os foliões têm o costume de brincar com água, ovos e farinha, numa farra
similar à comemoração dos estudantes brasileiros aprovados no vestibular. A
cidade promove também desfiles de carros alegóricos, que se apresentam ao som
de músicas típicas.
A música do carnaval são as
tradicionais Diabladas Equatorianas. Diferentes grupos folclóricos de outras
cidades e povoados se apresentam durante a celebração. Algumas apresentações
fazem oferendas a La Pachamama (Mãe Terra), em sinal de agradecimento aos favores
recebidos da terra.
Na Bolívia, o carnaval mais
conhecido e procurado é o Carnaval de Oruro, no estado que leva o mesmo nome. A
festa foi reconhecida como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em
2008.
O carnaval de Oruro mescla
celebrações da religião católica e elementos da cultura indígena
pré-colombiana. O carnaval da cidade começa com o pedido de bênção dos grupos
folclóricos que se apresentam à Virgem del Socavón, padroeira da cidade.
No carnaval boliviano, o
pássaro azul, uma espécie de cachaça feita da cana-de-açúcar, de tonalidade
azulada, é bastante procurado pelos foliões. No México, o carnaval mais
conhecido é o da cidade de Veracruz, no estado de mesmo nome. A festa ocorre
desde 1866 e, este ano, é esperado um público de 1,3 milhão de pessoas. A festa
mescla ritmos caribenhos, como a salsa e o merengue, mas também oferece
programação de batucadas ao ritmo do samba brasileiro.
“Gostamos muito do carnaval do
Brasil e sempre trazemos grupos de batucada. O México é fascinado pela cultura
brasileira e pela simpatia dos brasileiros”, disse à Agência Brasil o
presidente do Comitê do Carnaval de Vera Cruz, Anselmo Estandia.
A festa na cidade começou na
terça-feira (5) com a tradição da Queima do Mau Humor. Em praça pública, uma
grande fogueira é acessa para queimar o mau humor que pode atrapalhar a
festa. Depois da cerimônia, o carnaval
na cidade começa oficialmente.
“A primeira coisa que temos que fazer para passar
um bom carnaval é queimar o mau humor e tudo o que é negativo. Agora é hora de
se dedicar somente à alegria e ao riso”, explica o organizador da festa.
Para terminar o carnaval de
Veracruz é feito o enterro de Juan Carnaval, com a leitura de seu testamento,
segundo os organizadores, um texto baseado no sarcasmo e na ironia, quase
sempre com críticas à política mexicana.
Na Colômbia, a festa em
Barranquilla, capital do carnaval caribenho, também foi declarada Patrimônio
Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco, em 2001. O carnaval de Barranquilla
é considerado o segundo mais importante do mundo, depois do Rio de Janeiro.
Os pré-carnavais, em janeiro, e
a coroação da Rainha do Carnaval são eventos bastante disputados na cidade. A
música é a caribenha, com influência da cumbia, da puya e do mapalé, ritmos do
Caribe colombiano.
Fonte: racismoambiental, 11/02/2013
Angola
suspende atividades da igreja Universal e de mais seis Igrejas Evangélicas
Presidente José Eduardo dos
Santos suspendeu as atividades da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola.
Luanda (Lusa) – As autoridades
angolanas suspenderam as atividades da Igreja Universal do Reino de Deus e interditaram os cultos e demais atividades
de outras seis igrejas evangélicas, não legalizadas, segundo um comunicado
enviado neste sábado (02) à agência de pública de notícias de Portugal, Lusa. A
suspensão das atividades da Universal é uma das conclusões da Comissão de
Inquérito nomeada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, na sequência da
morte de 16 pessoas, por asfixia e esmagamento, no último dia 31 de dezembro,
na capital angolana.
“Dia
do Fim”
O culto, denominado “Vigília do
Dia do Fim”, concentrou dezenas de milhares de pessoas que ultrapassaram, em
muito, a lotação autorizada do Estádio da Cidadela. No comunicado enviado à
Lusa, o governo anuncia que a Procuradoria Geral da República vai “aprofundar
as investigações e a consequente responsabilização civil e criminal”.
A Comissão de Inquérito (CI)
concluiu ainda que as mortes ocorreram devido à superlotação no interior e
exterior do Estádio da Cidadela, causada por “publicidade enganosa”.Dias antes
da cerimónia, a Universal espalhou em Luanda publicidade sobre o evento, que
chamou de “Dia do Fim”. A propaganda convidava todos a “dar um fim a todos os
problemas: doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na
família, separação, dívidas”.
Para a Comissão de Inquérito
esta publicidade criou, no seio dos fiéis, “uma enorme expectativa de verem
resolvidos os seus problemas” e, socorrendo-se da legislação em vigor,
classifica a difusão do evento como “criminosa e enganosa”. A igreja também é acusada de não ter suspendido
a cerimônia, mesmo depois de ter tido conhecimento da existência de vítimas
mortais.
Outras
igrejas tiveram atividades suspensas
Quanto à interdição de cultos e
a outras atividades de seis igrejas evangélicas, a justificativa foi o fato de
não estarem legalizadas. “Realizam cultos religiosos e publicidade, recorrendo
às mesmas práticas da Universal”. As seis igrejas proibidas de levarem a cabo
qualquer tipo de atividade são as igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do
Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada
e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém.
O comunicado pede aos fiéis
destas igrejas e a toda a população em geral, para que se mantenham “serenos”,
e a cumpram “cabalmente as decisões tomadas”. A Comissão de Inquérito, criada
em 02 de janeiro pelo Presidente José Eduardo dos Santos, foi coordenada pelo
ministro do Interior, Ângelo Tavares com auxílio da ministra da Cultura, Rosa
Cruz e Silva, e integrada pelos ministros da Administração do Território,
Bornito de Sousa, da Justiça, Rui Mangueira, da Saúde, José Van-Dúnem, e da
Juventude e Desportos, Gonçalves Muandumba, além do governador da província de
Luanda, Bento Bento.
Fonte: Áfricas
Desemprego bate recorde na zona do euro mas pior pode estar por vir
A taxa de desemprego continua batendo recordes na zona do euro, onde atingiu 11,8% em novembro e afeta principalmente os países submetidos a severos programas de austeridade, como Espanha e Grécia. E nada indica que, em 2013, esta tendência sombria possa ser revertida.
Em novembro, 18,82 milhões de pessoas estavam
desempregadas na zona do euro. São 113 mil a mais em relação a outubro e dois
milhões a mais do que em novembro de 2011. Nos 27 países membros da União
Europeia, o número de desempregados supera 26 milhões.
A taxa é menor do que em outubro, quando 220
mil pessoas foram adicionadas à lista de desempregados na zona do euro, mas
isso não significa uma mudança de tendência.
"É altamente provável que a taxa de
desemprego supere claramente os 12% em 2013" na zona do euro, opina Howard
Archer, economista da IHS Global insight.
O desemprego alcança níveis excepcionais na
Espanha, onde afetava 26,6% da população ativa em novembro, e na Grécia, onde
chegou a 26% em setembro, último mês com dados disponíveis.
O primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, em
visita à Alemanha, considerou "completamente inaceitável que 26 milhões de
pessoas estejam desempregadas na Europa".
Em particular, o desemprego dos jovens
"não é suportável", acrescentou. O índice de desemprego entre os
jovens era de 24,4% em novembro na zona do euro, com máxima de 57,6% na Grécia
e 56,5% na Espanha.
De forma geral, os países submetidos a
drásticos programas de austeridade, frequentemente impostos em troca de um
plano de ajuda financeira, são os que mais viram o desemprego disparar: na
Grécia passou, em um ano, de 18,9% a 26%, e em Portugal de 14,1% a 16,3% .
Essas taxas muito elevadas contrastam com as
de Áustria (4,5%), Luxemburgo (5,1%), Alemanha (5,4%) e Holanda (5,6%).
O Comissário europeu de Assuntos Sociais,
Laszlo Andor, reconheceu isso na terça-feira em coletiva de imprensa: "a
diferença se amplia entre os países que enfrentam uma rápida alta do desemprego
e aqueles onde funciona melhor o mercado de trabalho".
Andor, que apresentou nesta terça-feira um
relatório anual da Comissão Europeia sobre emprego e situação social na Europa,
traçou um panorama sombrio e chamou de muito ruim o ano de 2012. Além disso,
"a maioria dos sistemas de previdência social perdeu uma grande parte de
sua capacidade para proteger as receitas das famílias contra os efeitos da crise",
afirmou.
Andor considera "improvável que haja
melhorias na Europa no plano socioeconômico em 2013".
Para que isso aconteça, seria preciso
"mais progressos em matéria de credibilidade na resolução da crise do
euro, encontrar recursos para efetuar os investimentos indispensáveis,
inclusive na formação, para ajudar as pessoas a encontrar um emprego e a lutar
contra a exclusão, e fazer com que as finanças atuem a serviço da economia
real", afirmou.
O relatório da Comissão Europeia mostra, em
especial, que as receitas disponíveis das famílias caíram entre 2007 e 2011 17%
na Grécia, 8% na Espanha, 7% no Chipre, 5% na Estônia e na Irlanda.
Andor foi perguntado sobre o papel que pode
desempenhar nesta situação a política de austeridade orçamentária que defende
seu colega de Assuntos Econômicos, Olli Rehn.
"A consolidação orçamentária era um
objetivo muito importante", respondeu Andor, mas "sempre dissemos que
tudo isso deve estar acompanhado de políticas que apoiem o crescimento".
Irlandês
Cria Propaganda em Outdoor Para Encontrar Emprego. RETROSPECTIVA 2012
Criado consórcio mundial de inovação social
com 6 Instituições Universitárias, dentre elas a USP
Fonte: MIT News e da
Agência USP
Congresso
Internacional sobre literaturas Afroandinas “Homenaje a Leôncio Bueno” Lima,
26, 27 e 28 de junho de 2013
gellac@gmail.com
O
discurso de Obama no Culto Ecumênico pelas vítimas do massacre da Escola de
Sandy Hook
Fonte: G1 – 17/12/12
Comissão
da ONU aprova texto relevante para declaração da Década dos Afrodescendentes
(2013/2022)
Fonte: Rede afro-brasileira
Ângela
Davis fala sobre o racismo nos EUA: "Enfrentamos hoje um racismo mais
perigoso"
Fonte: A tarde – 09/12/12
Kimberlé
Crenshaw fala sobre as questões de poder na estrutura social dos EUA e as
causas do racismo
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