sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Fernando Diniz um gênio da arte plástica, dopado pelo preconceito!


 “O que melhora o atendimento é o contato afetivo de uma pessoa com outra. O que cura é a alegria, o que cura é a falta de preconceito.”
Nise da Silveira

Fernando Diniz nasceu na Bahia, em 1918. Veio morar com a mãe em casarões de cômodos para baixa renda, no Rio de Janeiro, aos quatro anos de idade. Negro e pobre, nunca conheceu o pai. Sempre acompanhava a mãe, costureira, em casas de família de classe média. Desenvolveu paixão romântica pela filha de uma das clientes que morava em Copacabana e se chamava Violeta. Desde garoto sonhava ser engenheiro.  Estudou em Escola pública e teve boas notas, mais era sempre discriminado pelas crianças brancas.  Quando mais velho, pintou um quadro onde crianças brancas e negras brincam juntas e sobre o quadro ele falou: “ Isso é bonito, mais só é real na imaginação”. 
Ouviu na Escola por diversas vezes que o preto não podia ocupar os primeiros lugares menos ainda ser engenheiro.  Chegou ao primeiro ano científico, mas abandonou os estudos na adolescência. E passa andar descuidado de sua aparência e higiene pessoal.
Em 1944, foi preso e levado para o Manicômio Judiciário, por estar nadando despido na praia de Copacabana, seu único ato de rebeldia. Em 1949, foi transferido para o Centro Psiquiátrico Nacional, em Engenho de Dentro, onde conheceu a Dra. Nise da Silveira. Depois de receber sessões de eletrochoque e comas insulínicos, que nada resolveram, foi levado ao ateliê de pintura. Fernando sai do enclausuramento e começa a pintar com avidez, incentivado pelo tratamento alternativo empregado experimentalmente pela Dra. Nise da Silveira, de substituir as terapias agressivas da época por trabalhos artísticos. Com a ajuda dela, Fernando foi incentivado a criar livremente, dando expressão aos seus estados mentais.
Já doente, após uma cirurgia nos rins, foi transferido para a Vila da Unidade Docente Assistencial de Psiquiatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), em 1997, onde permaneceu produzindo até o seu falecimento em 1999.
Em suas obras mistura o figurativo e o abstrato, em complexas estruturas de composições. O resultado é uma sucessão de imagens, superpostas, dinâmicas e coloridas.
Em 1986, o cineasta Leon Hirzman produz o documentário "Imagens do Inconsciente" que mostra o processo criativo de produção de Fernando.
O encontro entre a psiquiatra Nise da Silveira e o cineasta Leon Hirszman está marcado pela não dissociação de política, sociedade e arte. O trabalho terapêutico e de reabilitação psicossocial desenvolvido por Nise da Silveira tem como característica o estabelecimento de importantes conexões com o campo das artes, possibilitando o diálogo com toda a sociedade. Esse trabalho de transformação cultural e de mentalidades fez com que fosse questionada a exclusão social dos chamados doentes mentais e transformada a política de assistência no campo da saúde mental no Brasil.

A exposição Fernando Diniz - Traços do Inconsciente, reúne trabalhos inéditos feitos por ele.  A mostra conta com diversas composições em cor, com as formas geométricas já consagradas de Fernando. Ele era um dos artistas mais emblemáticos descoberto pelas mostras do Museu do Inconsciente. O reconhecimento de suas obras veio através de exposições no Brasil e no exterior, publicações, filmes e vídeos que permanecem até os dias de hoje.
← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário