Polêmica
Manicure negra se orgulha de ser racista: “Não faço unha de preto”
Fonte: Pragmatismo Político – 05/12/12
A “sororidade” entre negros e
de gênero são falácias. O racismo é uma abominável fé bandida! E quem cala
consente!
“Não gosto de fazer unha de
preto. Saí de um salão no Rio porque, lá, só fazia unha de preto”. Cochilava.
Despertei ao ouvir a frase da manicure Bete (Elizabete da Conceição Vaz Soares)
num salão de beleza da Avenida Prudente de Morais, bairro Cidade Jardim, do
qual sou cliente há cerca de 12 anos. Era 29.11, por volta das 15h. Um susto,
pois Bete é preta! Eis trechos do embate.
Sentada ao lado dela, que fazia
unhas de uma cliente branca, tive de ouvir das “nojeiras” das unhas de preto,
dos pés casquentos, rachados, da sujeira, numa generalização odiosa e falsa. Um
protótipo de negação da negritude, a exibição do ódio racial. Sinalizei que a
conversa, no mínimo, incomodava: “Bete, você não mora numa terra sem leis; no
Brasil, há leis, e o racismo é crime inafiançável. Alguém pode denunciá-la”.
Ela tripudiou, desfiando seus
ascos das unhas encravadas, das cutículas e dos cascos duros de preto! Pensei
em sair. Fiquei. Não permitiria ao racismo levar a melhor. Adverti, mais uma
vez, que ela poderia ser presa e processada e que eu não era obrigada a ouvir
aquilo, pois meu dinheiro vale tanto quanto o de branco, talvez seja mais
valioso do que o de muita gente, preta ou branca, porque é ganho honestamente.
Irritadíssima, disse que não
falava comigo, logo, eu não tinha de me meter. “Não sou surda; aqui é um lugar
público, onde há muita gente sendo obrigada a ouvir impropérios racistas”.
Indaguei se ela se assumia como uma preta racista. Respondeu: “Sim, sou mesmo
uma preta racista. Sou mesmo!“.
“Então, nunca mais vai fazer
minhas unhas”. Disse que tudo bem. E, irada, lançou o desafio-ameaça: “Quero é
ver quem vai me denunciar!”.
“Eu! Vou denunciá-la por racismo! Todo mundo
aqui é testemunha. Não aceito ser vítima do seu ódio racial”.
Ao sair, de pé, diante dela:
“Pra não dizer que sou intransigente, dou a chance de se desculpar, pois, para
ofensas públicas, só valem desculpas públicas”. Vociferou que não pediria, que
não falara comigo, pois eu não era negra, mas morena.
“Oh, eu sou tão preta quanto
você, que já comeu muito às custas do meu dinheiro, e eu me beneficiei do seu
bom trabalho. Nunca mais vai comer, pois vai fazer unhas agora, se não me pedir
desculpas, lá na Nelson Hungria” (não lembrei o nome da penitenciária
feminina).
“Vou chamar a polícia, e você
sairá algemada daqui”. Ela repisava que não pediria desculpas. A turma do
deixa-disso: “Pede desculpas, Bete, ela ficou ofendida”. Retruquei: “Não é que
fiquei ofendida; fui ofendida gratuitamente, e estou sendo caridosíssima,
dando-lhe oportunidade de se desculpar!”.
De modo meia-boca, pediu
desculpas: “Eu estava brincando!”. Diante dela, por telefone, relatei o
ocorrido ao dono do salão, frisando que o salão dele iria fechar, pois, pela
segunda vez, eu era vítima de práticas racistas ali: a primeira, há mais de
dois anos. Outra manicure, a despeito de eu ter horário marcado e ela ter sido
avisada três vezes, pelo caixa do salão, de que o horário era meu, fez ouvidos
de mercador: atendeu uma cliente, branca, marcada depois de mim! Foi uma
prática racista, mas ela, que não é branca, agiu silenciosamente. Não é
possível provar!
A “sororidade” entre negros e
de gênero são falácias. Agirei para que se cumpra a lei e comuniquei à
Coordenadoria Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Belo Horizonte, que
tem em mãos fatos suficientes para bancar ações de “tolerância zero contra o
racismo” nos salões de beleza belo-horizontinos. Era pra ontem. O racismo é uma
abominável fé bandida! E quem cala consente!
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